quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

CELLY CAMPELLO

CELLY CAMPELLO

A bonequinha que canta e encanta


Diamantino Fernandes Trindade


CELLY NAS REVISTAS

DISCOGRAFIA

CAPAS DE DISCOS

TUNEL DO TEMPO




SIGLAS UTILIZADAS PARA AS GRAVAÇÕES

SINGLE = Compacto simples
EP = Compacto duplo
LP = Long Play 
CD – Compact Disc
78 RPM – Precurssor do SINGLE em 78 rotações


APRESENTAÇÃO

Em agosto de 1954, quando eu tinha quatro anos de idade, a minha mãe ganhou um presente do meu pai: um rádio Pionner. Aquilo era o máximo para mim. Todos os dias à tarde ficava em frente do aparelho para escutar os programas de auditório e me encantava com as cantoras e cantores.
O fascínio continuou e, aos oito anos, descobri o Rock and Roll. Saia correndo da escola para ligar o rádio e ouvir, principalmente, Elvis Presley e Celly Campello. O Rock sempre fez parte da minha vida, mas Celly sempre esteve presente no meu coração e no meu imaginário de infância, adolescência etc.
Em três de março de 2003, A Bonequinha que Canta, faleceu, no Hospital Samaritano de Campinas, vítima de câncer. No dia seguinte, o Cemitério dos Flamboyants recebeu o corpo do Brotinho Encantador. Calou-se a voz que embalou e alegrou muitas crianças e jovens, como eu, no final da década de 1950 e inicio da década de 1960.
Não tenho a pretensão de escrever uma biografia sobre Celly Campello. As reportagens contarão isso naturalmente ao longo da obra. Apenas procurei resgatar um pouco da história da Eterna Rainha do Rock Brasileiro. Para tanto transcrevi a maioria das matérias e imagens publicadas sobre ela nos periódicos: Revista do Rádio, Radiolândia, Revista do Rock, Rock News, Melodias, Sétimo Céu, Música, Fatos e Fotos e O Cruzeiro.
Uma vasta iconografia proveniente, principalmente das reportagens, é apresentada como importante registro histórico. A discografia (quase completa) também foi resgatada, desde os 78 RPM até os CDs. Procurei também apresentar uma parte significativa das capas dos discos.
Enfim, isto é o mínimo que posso fazer como historiador para resgatar, pelo menos em parte, a memória da nossa querida Celly.

CELLY NAS REVISTAS

Revista do Rádio n. 533, dezembro de 1959

CUPIDO FLECHOU, MESMO, CELLY CAMPELLO

Durante a sua permanência em São Paulo, Brenda Lee tornou-se amiga de Celly Campello. A “menina atômica” americana insistiu para que o broto de Taubaté fosse cantar nos Estados Unidos. Mas Celly, devido aos seus estudos, não pode ausentar-se do pais. Prometeu que nas próximas férias irá visitá-la. E cantar? Quem sabe? É possível que faça algumas apresentações em rádio e televisão.

De conversa com a encantadora e tímida Celly Campello saiu essa revelação.

- Ao contrário do que todos dizem na imprensa, eu não nasci em Taubaté. Digamos que, ocasionalmente, nasci na capital paulista.

- Mas fez-se artista em Taubaté.

- Sim, foi nos programas da Rádio Difusora de Taubaté que cantei pela primeira vez. Tinha naquela época apenas cinco anos de idade. Confesso que durante muito tempo não gostava de cantar. Meu fraco era a natação.

- Natação?

- Lá em casa todos adoram a piscina. Em certos dias, meus pais, meus irmãos e eu, íamos todos nadar. Em casa só ficava a empregada. Orgulho-me de aos 13 anos haver conquistado um recorde infanto-juvenil de natação.

- E agora?

- Tenho de cantar, principalmente as músicas americanas, porque elas são do agrado para os brotos. Vez por outra dou minhas braçadas na piscina. Porém, o mais importante para mim são os estudos.

Ao falar sobre sua vida de estudante, Celly Campello salientou que está na 3a série do curso clássico no Colégio Estadual da Taubaté (o que é significativo para uma jovem de 17 anos de idade). Narrou com um certo brilho nos olhos.

- Não pensem que sou uma aluna cheia de regalias. Alguns dos meus professores nem dão bola para meu assunto de me terem como aluna. Querem mesmo que eu “cante” as lições, caso contrário irei para a reprovação! No recente desfile escolar de 7 de setembro, eu seria suspensa se não tivesse comparecido.

Assegurou-nos o pai de Celly Campello, Sr. Nelson Freire Campello, que sua filha tem-lhe dado as maiores satisfações. Perfeitamente acessível a todos os conselhos que recebe, possui bom senso e já resolve sozinha muitos dos seus problemas. E Celly, para desencanto de muita gente, pensou muito para nos dizer friamente:

- Entrei no rádio sem querer. Fiz sucesso sem querer. Com a mesma falta de interesse com que me tornei artista, poderei afastar-me definitivamente do microfone. Meu irmão Tony ficará representando a família no ambiente artístico...

- Responde às cartas dos fans?

- Papai ajuda-me muito nessa tarefa. Muitas vezes, ficamos até pela madrugada nesse labor.

- e o “estúpido cupido”?

Celly, que estava diante do seu pai, ficou “cheia de dedos”. Mas, não escondeu que, ao contrário do que publicaram, já encontrou o seu “príncipe encantado”. E ele é lá de Taubaté. Que felizardo.

Celly em cima do Jeep

Celly flechada pelo Cupido

Celly pensativa na escada

O sorriso

A radiante juventude

Beijando o papai

Cantando e encantando

Revista do Rádio n. 540, janeiro de 1960


Capa da Revista do Rádio, n. 540

DOIS IRMÃOS ABREM AS PORTAS DO SUCESSO

Foi Mário Gennari Filho o responsável pelo lançamento dos irmãos Campello: Celly e Tony. O acordeonista, que nasceu em Taubaté, de vez em quando visita aquela cidade e foi numa dessas visitas que ele ouviu os dois irmãos numa festa familiar. Ficou tão empolgado que fez questão de ser o seu padrinho artístico. Sendo Mário Gennari Filho exclusivo da Odeon, para esta gravadora levou Celly e Tony, apresentando-os ao diretor artístico. Foram aprovados, gravaram e dai em diante o sucesso estava garantido.

Quem primeiro se projetou foi Tony (21 anos) que logo se tornou ídolo dos brotos paulistas. Suas gravações fizeram bastante sucesso e ele decidiu que não assinaria contrato com nenhuma emissora, seja de rádio ou de televisão. Atua como freelance em emissoras do Rio e de São Paulo.

Já a Celly, que tem apenas 16 anos, tornou-se conhecida um pouco mais tarde que o mano, graças, principalmente, a gravação de “Estúpido Cupido”. Celly, tendo recebido uma vantajosa proposta da Rádio e TV Record, assinou contrato com as Emissoras Unidas, onde tem um programa dos mais ouvidos no fim de semana e ao qual comparece toda a brotolandia paulista.

Tony estava fazendo o curso clássico de um colégio em Taubaté, mas, devido aos compromissos artísticos, transferiu-se para um colégio da capital paulista. Enquanto isto, Celly continua os seus estudos no 3o ano clássico da Escola Normal Monteiro Lobato, de Taubaté. Celly, além de cantar, toca piano muito bem e dança ballet maravilhosamente, sendo uma das primeiras bailarinas clássicas de Taubaté.

Fala-se muito em um namorado que Celly tem em sua cidade natal, mas a família da cantora não gosta que se toque neste assunto, por achar que ela é ainda muito jovem e ainda não fez sua escolha definitiva. Já o Tony tem uma namorada firme em São Paulo. Uma jovem loura, que usa o penteado chamado “rabo de cavalo”, tem um tipo assim parecido com Brigitte Bardot e se chama Terezinha.

Durante a estada em São Paulo de Brenda Lee, Celly Campello fez amizade com a cantora americana. Brenda entusiasmou-se com o modo de Celly cantar e sugeriu ao seu empresário leva-la aos Estados Unidos. O empresário, que é também padastro de Brenda, concordou com o pedido, pois ele também estava muito interessado na cantora paulista desde que a ouvira atuar. Assim, é bem provável que neste ano de 1960, Celly deixe o Brasil para uma temporada na América. Será uma temporada rápida porque ela não pretende abandonar seus estudos.

No momento, os dois irmãos estão em Pindamonhangaba, onde tomaram parte nas filmagens de Jeca Tatu, um filme produzido por Mazzaropi.

Celly na sala de aula

Celly no seu quarto de dormir com sua boneca

Antes de começar a aula, um bate-papo com as amigas

Revista do Rádio n. 555, maio de 1960


Foto de Celly no Álbum dos Novos, publicado

no número 555 da Revista do Rádio

Revista do Rádio n. 562, junho de 1960


Capa da Revista do Rádio n. 562

CUPIDO NÃO PODE FLECHAR CELLY...

Texto de Valdemar Paiva

Depois de concluir no ano passado o curso clássico, Celly Campello resolveu abandonar os estudos. Bem explicado: não fará vestibular para a Faculdade de Direito, conforme pretendia. Dedicar-se-á ao aprendizado do Inglês e Francês. Quer falar correntemente esses dois idiomas. E, como fizéssemos uma pergunta, ela falou com aquele seu jeitinho de menina mimosa:

Sim, meu sonho era viajar aos Estados Unidos. Para isso estou aprendendo o Inglês. Contudo, creio que antes farei uma temporada em Portugal. Chegou-me de Lisboa uma proposta tentadora. Poderei ganhar muito dinheiro e passear pela Europa.

– Por falar em ganhar dinheiro, que faz você com seu dinheiro?

– Todo o dinheiro que mereci por viagens, contratos com rádios, televisão, discos e o resto, foi depositado em um banco. Não gastei um tostão sequer. Papai dá-me tudo o que preciso. Continuo a depender dele, tal como se não fosse artista.

– Poderia explicar melhor isso tudo?

– Muito simples: papai julgou melhor guardar todo o meu dinheiro em um banco. No futuro saberemos o que fazer. Deixemos que eu atinja a maioridade.

– E quanto já juntou no banco?

– Isso eu não sei certamente, mas, mesmo que soubesse não revelaria. É segredo meu!

Celly Campello, que é broto, canta bem, é bonita e tem dinheiro, preferiu fugir do assunto financeiro (ela paga Imposto de Renda). E fomos direto ao assunto que mais interessava ao repórter:

– É verdade que você vai ficar noiva?

–Eu noiva? Por enquanto não há nada disso.

E ante a nossa insistência, Celly explicou que ainda era muito jovem para amar. De verdade? A maneira como se referia a um possível amor bem que nos deixou acreditando que ele existe, mesmo. Mas...

Celly, que é mesmo uma menina mimosa, não quis estender-se em assuntos sentimentais. Julgamos por bem deixa-la dizer o que pretendia:

– Quando viajo faço duas exigências: tenho de levar mamãe como acompanhante e só assino contrato para cantar com o meu irmão Tony.

– Você pode cantar em boates?

– Ainda sou menor. Nos clubes, canto antes de as danças serem iniciadas. Nas boates não entro nem para cantar.

Celly Campello não quis prosseguir em suas declarações. Tinha de seguir para Taubaté, sua bela cidade. Dizem que, um dia, Celly tão mimosa, será a mais bela noiva daquela cidade. Apesar das negativas da cantora, parece que esse dia está bem perto.

Celly e a mamãe

Celly na hora do café

Revista do Rádio n. 564, julho de 1960


Celly e Brenda Lee


CELLY CAMPELLO NÃO VAI AOS ESTADOS UNIDOS

Quando a menina-cantora Brenda Lee esteve no Brasil trataram de apresentá-la a Celly Campello. As estrelinhas ficaram incontinenti grandes amigas. E de tal forma que Brenda Lee garantiu à Celly que faria de tudo para levá-la aos Estados Unidos, onde certamente conseguiria o mesmo exito obtido aqui. A promessa foi selada com a foto a seguir. Mas a Celly, embora a possibilidade de se tornar mundialmente conhecida com a sua nova amiguinha, prefere mesmo ficar no Brasil - na sua doce cidade de Taubaté.

Revista do Rádio n. 572, setembro de 1960


Tony e Celly cantando em Araçatuba

IRMÃOS DO BARULHO

Tony e Celly Campello estiveram, recentemente, em Araçatuba, cantando num espetáculo que fez parar toda a cidade bandeirante. Quando se apresentaram, cantando em dupla a festa chegou ao auge.

Revista do Rádio n. 589, dezembro de 1960


Capa da Revista do Rádio n. 589

CELLY CAMPELLO DIZ QUEM É SEU NAMORADO

Em reportagens anteriores, falamos que Celly Campello tem o seu namorado. Ela não esconde o fato de ninguém. E esse romance começou há quase quatro anos. A própria cantora, depois de muita insistência, falou:

- Eu o conheci, quando ainda não havia saído de Taubaté, para gravar em São Paulo. Era uma simples estudante. Fiquei impressionada pelas suas qualidades pessoais de rapaz honesto e trabalhador.

- Só isso?

- Bem, que ele é bonitão isso pode-se ver...

- Porque não o apresenta em fotografia, ao lado dele?

- Pessoalmente, eu não gostaria de fazer isso. Não é da minha índole. Entretanto, devido às minhas obrigações como cantora, concordaria. Acontece que ele não quer isso nem está obrigado: não é cantor.

- Diria o nome dele?

- Não importa dizer. É um nome, inteiramente desconhecido para os leitores. Mas, de muita significação para mim.

Quem conhece Celly Campello, na intimidade, sabe que ela está realmente apaixonada. O seu namorado (um rapagão de 1,80 m de altura, forte, cabelos pretos e voz calma), trabalha na Petrobrás. Tony Campello e outros amigos chamam-lhe de “Petroleiro”. Todas as noites, quando Celly está em Taubaté (ele reside naquela cidade), os dois conversam e traçam planos.

Celly, continua com a palavra:

- Logo nos primeiros dias de namoro, eu o apresentei a papai. Fiz o que deveria fazer. Assim, ele obteve permissão para conversar comigo, dentro da minha casa. Melhor para nós.

- E o noivado?

- Tardou um pouco devido à minha vida escolar. Agora, que finalizei o curso colegial, e não pretendo continuar os estudos, acredito que virá no próximo ano.

- Casamento para breve?

- Primeiro vamos esperar o noivado, para então, traçar o programa de casamento. Vamos com calma.

- Acredita que o casamento prejudicará sua vida de cantora?

- Só quero que a vida de cantora não perturbe o meu casamento. Porque, se isso acontecer, não trocarei o casamento pelo microfone. Deixarei a vida artística.

- Todos são favoráveis ao seu casamento?

- Não vejo motivos para ninguém ser contra.

- Algo mais, Celly?

- Não, porque sei que ele não gosta de ver esse assunto, inteiramente nosso, publicado em revista. Não que seja indelicado com a imprensa. É uma questão de gênio. Temos de respeitá-lo.

De um certa forma, Celly Campello estava com a razão. Conhecemos pessoalmente o seu namorado, um rapaz calado, porém delicado e simpático. No momento, prefere ficar no anonimato. Tem medo de ficar conhecido, como o “namorado Celly”. Acreditamos que ele modificará sua opinião; e mais adiante, venha a ser fotografado ao lado dela. Pelo menos, no dia do noivado isso é certo.


O brotinho paulista

Cantando com o irmão e Selma Rayol

Realçando a beleza natural

Menina-moça cheia de graça

Revista do Rádio n. 595, fevereiro de 1961

FICOU NOIVA OFICIALMENTE CELLY CAMPELLO

No dia 1o de janeiro passado, Celly Campello ficou noiva. O fato aconteceu em Taubaté, onde os familiares da cantora procuraram, de todas as maneiras esconder a noticia da imprensa. Somente quando Celly Campello veio ao Rio para receber a medalha que mereceu, como a Melhor Cantora (em disco) do Ano, o Sr. Nelson Campello, seu pai, nos revelou:

- Celly ficou noiva, oficialmente este ano. Está de casamento marcado para este ano. É possível até que venha a abandonar a vida artística.

O noivo da Celly Campello é o Sr. Eduardo Chacon, residente em Taubaté, e alto funcionário da Petrobrás. Ele conheceu Celly ainda quando ela não havia se tornado cantora profissional. Viveram sempre um romance digno de registro. Ele não queria, de maneira nenhuma que ela se tornasse famosa! Todavia isso aconteceu. E ele resolveu abreviar o noivado que seria para o final deste ano. Vai casar e espera que ela deixe o rádio.

Celly entre seus pais

Revista do Rádio n. 602, abril de 1961

CELLY CAMPELLO VAI PARAR DE CANTAR

O broto de maior cartaz de São Paulo, Celly Campello, está se preparando para deixar o rádio e a TV. E aqui estão as explicações que ela nos deu, à propósito:

- Vou aproveitar bastante este ano de 61, pois o meu casamento acontecerá no ano que vem. Depois de casada, não pretendo mais enfrentar o microfone ou as câmeras de televisão e sim dedicar-me exclusivamente à vida do lar. Não encaro a vida artística como uma coisa definitiva. Começou como uma distração e acabou sendo uma profissão, mas apenas passageira.

A pedido da reportagem Celly concorda em falar alguma coisa sobre o seu noivado:

- Meu noivo chama-se Eduardo Chacon, é neto de espanhóis e de italianos, mas sempre viveu em Taubaté. É contador da Petrobrás, em Tremembé, que é uma cidade próxima. Já nos conhecíamos há mais de 3 anos, antes mesmo de eu começar a cantar, e o noivado oficial foi lá em casa em Taubaté, no dia 31 de dezembro. Eduardo sempre frequentou o meu clube e um dia, numa festa, fomos apresentados por amigos comuns. Depois do casamento pretendemos morar em Taubaté, numa casa própria que vamos construir.

Celly Campello continua falando sobre o noivo e pela sua maneira de falar sente-se que ela gosta mesmo do rapaz:

- Eduardo não fez qualquer exigência para que eu abandone as atividades artísticas e acha que até o casamento devo continuar cantando. Concordamos, entretanto, que depois do enlace, eu passaria a só cuidar do lar e dos filhos. Quantos filhos pretendemos ter? Tantos quantos vierem, mas pelo menos 3, dois rapazes e uma moça. Eduardo tem 24 anos e eu estou com 18 e só quero trabalhar mais um ano, pois já me sinto cansada das atividades artísticas. Recentemente tive que tirar férias, pois no ano passado viajei demais e estava emagrecendo muito. Agora só estou fazendo meu programa fixo na TV Record, que é às terças feiras, às 19:30.

Indagada sobre seus planos mais imediatos, Celly conta ao repórter:

- Provavelmente em maio deverei ir a Portugal atuar no Casino do Estoril, em companhia de Tony Campello. Lá ficarei uns 15 dias. Depois voltarei ao Brasil por uma temporada, partindo depois para a América do Sul, visitando a Argentina, Uruguai, Chile, peru, Venezuela etc. Será uma grande excursão artística, a ultima que faremos, Tony e eu.

Depois desta despedida caberá a Tony toda a atividade artística da família. Já tenho bastante dinheiro ganho em rádio, TV, discos e excursões e com ele pretendo comprar um apartamento em São Paulo e outro no Rio. Assim é que o ano de 1961 será mesmo o da minha despedida do rádio e da televisão.

Celly com seu cachorrinho

Celly no fogão

Celly com seu pai

Revista do Rádio n. 604, Abril de 1961


Capa da Revista do Rádio n. 604

BRIGAM RIO E SÃO PAULO POR CAUSA DESTES BROTOS

A verdade é que os cariocas acham Sônia Delfino um “estouro”. E os paulistas entendem que Celly Campello é a nova “Namorada do Brasil”. Futebolisticamente comparando, a coisa se afigura assim como um duelo de popularidade entre o Garrincha e o Pelé. Veja-se que os cariocas consideram o Garrincha o maior fenômeno do futebol nestes últimos anos. Já os paulistas reivindicam para o Pelé essa condição de gênio da pelota. Quem tem razão? Sem acomodações, diríamos que o direito pertence a ambos. Porque é maravilhoso ter-se um material humano assim tão espetacular e capaz de provocar essa luta de opiniões. A mesma coisa acontece com a Sônia e a Celly. Quem pode dizer qual é a mais sensacional?

Sônia é uma nova campeã de discos. E Celly também. A moça paulista é um ídolo no Brasil inteiro. Também Sônia Delfino atingiu à essa mesma condição. Desnecessário dizer-se que as vozes de uma e de outra contém aquele gostinho juvenil que produz euforia nos corações de brotos e veteranos. Beleza? Celly é um encanto de moça. Lembra assim um desenho de Walt Disney para a “Branca de Neve e os sete anões” ou “A Bela Adormecida”. Soninha é o tipo de moça que faz qualquer solteiro pensar em casamento. Está visto: também aí há um empate.

E o que pensa uma da outra? Até algum tempo, olhava-se assim como rivais. Até que a RR as reuniu, num programa de televisão. Sônia achou Celly um encanto. E a estrelinha de Taubaté disse que a Sônia era uma criatura adorável. Ficaram amicíssimas. Se perguntassem a uma quem era a melhor, automaticamente que Celly diria que era a Sônia – e vice-versa.

Outra indagação seria feita para achar-se uma solução: quem vende mais discos? Ainda aí a resposta seria favorável a ambas. Vêem? Isso já não é mais briga, é uma pacificação automática e indiscutível. Se Rio e São Paulo brigam por causa de Celly e Sônia, o melhor mesmo é que façam as pazes. Embora se garanta que Sônia e Celly, afinal das contas, provocarão as mesmas lutas (de fans) provocadas, até algum tempo, pela Marlene e Emilinha.

Celly Campello e Sônia Delfino

Sônia Delfino e Celly Campello

Celly

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Revista do Rádio n. 629


Capa da Revista do Rádio n. 629

Revista do Rádio n. 663, junho de 1962

CASAMENTO DE CELLY CAMPELLO FEZ SÃO PAULO PARAR

O Santuário do Sagrado Coração de Jesus, perto do Palácio dos Campos Elíseos, em São Paulo, foi pequeno para conter a multidão que ali se comprimiu para ver o casamento de Celly Campello. A igreja estava superlotada e muita gente se espalhava pela praça fronteira.

Eram 19 horas do dia 7 de maio, quando Celly Campello entrou na igreja, conduzida por seu pai, Nelson Freire Campello. Ao pé do altar a recebeu seu noivo, José Edwards Chacon, que a levou perante o oficiante, cônego Cícero de Alvarenga, pároco da Igreja de Santa Terezinha, de Taubaté. Os padrinhos da noiva: Dr. Antônio de Luca e Dona Odete Campello de Luca, seus tios. De parte do noivo, os padrinhos foram seus tios, Sr. Fausto e Dona Angelina Chacon.

A cerimônia foi linda e a “Ave Maria” foi cantada por Agnaldo Rayol, notando-se a presença de vários artistas e personalidades. Segundo cálculos da família, foram expedidos 1500 convites, tendo comparecido convidados de várias regiões do pais.

Celly trajava belo vestido de “cassa” suíça branca, trabalhada com renda valenciana. Era um modelo princesa, com bolero, a saia alargando em baixo e uma barra de renda tiotada. Foi executada por Dona Noêmia Nader, modista de Taubaté, e consumiu 20 metros de renda valenciana! Celly usava um véu de tule francesa de seda pura, branca. Grinalda em forma de coroa de botões de laranjeira com brilhantes. Levava um buquê de botões de rosas brancos e cor de rosa nas mãos calçadas de luvas brancas de cetim.

O vestido foi feito em Taubaté e foi todo acabado à mão. O preço foi orçado em 300 mil cruzeiros e sua execução tomou mais de um mês. O noivo usava paletó cinza escuro, colete cinza claro, calças cinza riscada e gravata cinza pérola.

A entrar na igreja, Celly Campello foi protegida por uma guarda de honra formada por cadetes da Escola de Oficiais da Força Publica do Estado, da qual a cantora é madrinha e que, após a cerimônia, foram incorporados de levar-lhe um rico presente.

Dois dias antes, no sábado (5 de maio), realizou-se a cerimônia civil em Taubaté, na residência da família da noiva e celebrada pelo juiz. Dr. Antônio de Maria. Os padrinhos de Celly foram seu irmão Tony e a Sra. Lea Benelli Endres (sua tia). Os padrinhos do noivo foram seus avós, Sr. Miguel Chacon Ruiz e Sra. Alexandrina Chacon.

Depois da cerimônia religiosa, realizada em São Paulo, Celly e José Edwards receberam os parentes e amigos na casa de sua tia e madrinha de batismo, Sra. Odete Campello de Luca, que foi, juntamente com seu marido, padrinhos do religioso. Foi uma bela recepção, a qual compareceram muitos amigos, colegas e parentes.

Os presentes oferecidos aos noivos foram em grande quantidade. Parte foi entregue em Taubaté e outra em São Paulo. Entre eles destacam-se o conjunto de malas de couro oferecidas pelos pais de Celly no valor de 60 mil cruzeiros; o faqueiro, que enviou o padrinho de Celly, professor Jorge Campello, e a enceradeira, que foi presenteada pela fábrica de discos Odeon.

Depois da recepção, Celly e José Edwards seguiram em viagem de lua de mel para Campos de Jordão, de onde seguiram para a Fox do Iguaçu. Mais tarde estarão em Buenos Aires. Em sua volta irão residir em Tremembé, cidade que dista seis quilômetros de Taubaté e onde o noivo trabalha como contador da Petrobrás. Morarão numa linda casa, cercada de jardins e um pomar que é quase uma chácara. Sobre sua volta à atividade artística, Celly Campello declarou que não mais pretende fazer excursões. Vai se deter quase que exclusivamente às gravações da Odeon.

A Bela Noiva – Pose exclusiva para a Revista do Rádio

Celly e José Edwards cortam o bolo sob o olhar atento do pai dela

Levada pelo papai ao altar

A benção nupcial

Celly radiante em seu vestido de noiva

Ouvindo atentamente as palavras do sacerdote

O brinde com o padrinho Tony Campello

O beijo enternecido dos pais

O cumprimento do cantor Peri Ribeiro

Olhando os presentes

Um instante de ternura

Revista do Rádio n. 665, junho de 1962


CELLY CAMPELLO EM LUA DE MEL

Depois da cerimônia nupcial, Celly Campello e José Edward Chacon foram gozar a lua de mel em Campos de Jordão. Dali seguiram para uma região que abriga tradicionalmente os recém-casados: Foz do Iguaçu. Aproveitando o tempo, seguiram para Buenos Aires. De volta, vão residir em Tremembé, numa casa que mais parece um castelo. José voltará para os livros de contabilidade da Petrobrás e Celly Campello dividirá o seu tempo entre os deveres de dona de casa e as atividades artísticas, que, felizmente para os seus fãs não abandonará.[1]



[1] Na verdade Celly abandonou as atividades artísticas após o casamento, retornando para participar do Festival de Música Popular de Juiz de Fora MG, em 1972, e para uma temporada, em 1975, na série Cuba-libre em Hi-Fi, da boate paulista Igrejinha. Na década de 1970 gravou um LP e alguns compactos pela RCA Victor e dois compactos pela Continental.

Revista do Rádio n. 666, junho de 1962

PROPAGANDA DOS ENXOVAIS ORNATEX

Assim que recebeu a intimação de Cupido – “Casamento em futuro próximo” – CELLY CAMPELLO não teve dúvidas: PROCUROU Enxovais ORNATEX a fim de preparar-se para o grande acontecimento. Agora, já de aliança na mão esquerda, a feliz estrelinha recomenda Enxovais ORNATEX para todas as noivas. “São enxovais completos e maravilhosos. Reúnem guarnições para mesa, legítimos produtos TEKA, de Santa Catarina, conjuntos superluxo de banho ARTEX e CREMER; cobertores GUARATINGUETÁ, PARAHIBA e TOGNATO de pura lã; lençóis SANTISTA; os mais finos bordados RABAY, do Ceará; guarnições para mesa, produto TUMA e inúmeros outros produtos, cada qual mais útil e lindo. Os preços são de fábrica e as condições vantajosíssimas: a gente mesma faz o plano de pagamentos, em até 18 meses; as mensalidades são depositadas em Banco, na própria cidade da compradora; logo após o pagamento da segunda prestação do carnet bancário, cada uma recebe um sugestivo presente. E ORNATEX distribui 50 MILHÕES em prêmios, através de sorteios mensais.

Celly e o enxoval de casamento

Revista do Rádio n. 723, julho de 1963

CELLY CAMPELLO JÁ É MAMÃE

Celly Campello, a cantora que os fãs chamavam de “Namorada do Brasil”, é hoje a orgulhosa mamãe de uma bela menina chamada Cristiane e que veio ao mundo nos fins de junho. A herdeira da artista nasceu na capital paulista e em vão os repórteres e fotógrafos se esforçaram para colher retratos e detalhes do feliz acontecimento.

Como se sabe, Celly Campello casou-se no dia 7 de maio de 1962, no Santuário do Sagrado Coração de Jesus. Seu esposo não é do mundo artístico e desejou, sempre, que ela deixasse de ser cantora. Com efeito, atendendo aos desejos de José Edward Chacon, a cantora foi deixando a vida artística, dedicando-se ao lar, felicíssimo que ela e ele construíram no interior paulista. O casamento de Celly e José foi inteiramente por amor. E a prova disso é que a cantora renunciou ao sucesso e à fortuna que rendiam seus discos, os preferidos da juventude. Celly preferiu ser dona de casa, cuidando dos filhos – que, assegurou, espera ganhar muitos. Segundo o que apurou a reportagem da REVISTA DO RÁDIO, possivelmente o irmão da cantora, Tony, deverá ser o padrinho da menina – embora os novos vovós, o Sr. e Sra. Campello, estejam também interessados em batizar a netinha.

Celly Campello no quarto com o ursinho de pelúcia


Revista Radiolândia n. 300, janeiro de 1960

O “REI” (DO “ROCK”) ENSINA A “RAINHA”

(DO “ROCK” BALADA)

Num lugar qualquer, em qualquer parte da febricitante São Paulo, a nossa reportagem foi encontrar os já famosos Celly Campello e Itamar Borges, que vai conquistando seu lugar no cinema e que, pela elasticidade impressionante que possui, dá “shows” de “rock”, já merecendo, mesmo, o titulo de “Rei” do famoso ritmo. Ensinava ele a Celly novos passos da dança. Ora, toda gente sabe que Celly, figura encantadora de menina moça, cuja voz tem tem a sonoridade de um rouxinol, é fan do gênero e já declarou, mesmo, a RADIOLÂNDIA que não abandonará o “rock” balada senão quando o publico o exigir. Aceitou, por isso, a sugestão de Itamar Borges para participar do “Grande Festival do “Rock”, promovido por Airton Rodrigues, no Ginásio do Ibirapuera, e exigiu apenas que seu “partner” lhe desse lições de dança. Vai daí, a criadora de “Laços cor de rosa” é, já agora, uma “professora” de “rock”, enquanto Itamar Borges, feliz, está de malas prontas para seguir rumo aos Estados Unidos, onde se aperfeiçoará em direção de revistas e cenografia.

Celly dançando com Itamar Borges

Revista Radiolandia n. 339, novembro de 1960


Celly na Revista Radiolândia n. 339

Celly e Tony na Revista Radiolândia n. 339

Revista Radiolândia n. 340, novembro de 1960


Celly na Revista Radiolândia n. 340